O leilão do petróleo e a tentativa de resgatar a república das bananas

com eptróleo

Em um momento de crise mundial do capital e do petróleo, a ANP decide fazer um leilão de lotes de exploração do petróleo em concessão para “sentir o terreno”. No cenário atual de baixa mundial no preço dos commodities, a intenção real parece se relacionar com o favorecimento do mercado, o aumento do clima de insegurança em relação ao Brasil e a venda de nossa riqueza a preço de banana, além de reforçar os rumores de que a Petrobrás vai mal das pernas.

Hoje, um dia após o leilão, as manchetes são de que apenas 14% dos blocos foram arrematados e os lucros foram bem menores do que o esperado. Além disso, a imprensa faz questão de enfatizar que a Petrobrás não deu nenhum lance, oque justificaria o mau momento por que passa a empresa e teria feito com que as outras grandes petrolíferas não participassem.

Vamos aos fatos. O primeiro ponto inegável é que fazer leilão de petróleo nessa conjuntura é dar tiro no pé, e mais, é trair o Brasil e todos os brasileiros, na medida em que vende o que é nosso a preço de banana pra quem não tem a mínima responsabilidade e compromisso com o nosso país.

O segundo ponto que a mídia tupiniquim ignora (de propósito) é que, devido à queda do preço dos barris de petróleo, todas as grandes petroleiras do mundo estão em crise. No final de julho, todas divulgaram seus balanços trimestrais com resultados muito aquém do esperado. A Shell registrou queda de 33% nos lucros, anunciou a demissão de 6.500 funcionários e o corte de US$ 4 bilhões em custos operacionais. A British Petroleum teve prejuízo de US$ 6,27 bilhões no 2º semestre, frustrando analistas. O lucro da Exxonmobil caiu 52% no 2º trimestre.

O lucro da Petrobrás, enquanto isso, superou o da Chevron, Exxon e BP. Notícia que não foi alardeada pela mídia e muito menos comemorada pelo mercado. O balanço do primeiro semestre da Petrobrás é o melhor dentre as maiores petroleiras do mundo.

A nossa imprensa justifica o desempenho pífio das multinacionais pela queda do preço do petróleo, mas tenta colar a pecha da corrupção à Petrobrás e, assim, contribui para a instabilidade do mercado.

É bom lembrar que a BP atribuiu o fraco desempenho não só à crise mas também às despesas que teve para encerrar queixas federais e estatais nos Estados Unidos relacionadas ao vazamento de petróleo da plataforma Deepwater Horizon, no Golfo do México, em 2010. Isso, senhores, é exploração predatória. Justamente o que tentamos evitar dando à Petrobrás a função de única exploradora do Pré-Sal. Sendo estatal, a Petrobrás tem compromisso com o Brasil e não vai explorar apenas em busca de lucros, independentemente dos danos ambientais causados pelo caminho.

A imprensa internacional, um pouco mais coerente, anuncia que as petroleiras têm a maior queda de lucros e uma década, tudo isso por causa da crise do petróleo. Dentre as citadas estão Chevron, Exxon, e OXY (Occidental Petroleum), as maiores apontadas pela Standard & Poors (aquela, super confiável, que rebaixou a nota do Brasil).

Diante de tudo isso, não se deixe enganar. A crise é mundial e passa também pelo petróleo. Apesar de tudo isso e da campanha interna contra o seu crescimento, a Petrobrás continua muito bem das pernas e esse leilão realizado pela ANP, na conjuntura atual, é só mais uma tentativa de resgatar o passado do Brasil de república das bananas.